A Jornada do Herói, de Christopher Vogler, é um guia clássico e influente para a escrita de histórias, que desmistifica a estrutura narrativa por trás de inúmeros contos, desde mitos antigos até filmes modernos. Vogler, inspirado na obra de Joseph Campbell, descreve uma estrutura universal, composta por doze etapas, que representa a jornada do herói, desde o chamado à aventura até o retorno transformado. Essa estrutura, presente em diversas culturas e épocas, revela a profunda conexão humana com a narrativa e a busca por significado, tornando a Jornada do Herói uma ferramenta poderosa para autores e leitores, que desejam compreender e criar histórias que cativem e inspirem.
Introdução à Jornada do Herói
A Jornada do Herói, um arquétipo narrativo universal, é um modelo estruturado que descreve a jornada de transformação de um personagem. Introduzida pelo antropólogo Joseph Campbell em seu livro “O Herói de Mil Faces”, a jornada se baseia em padrões recorrentes encontrados em mitos, lendas e histórias de diferentes culturas ao redor do mundo. Essa estrutura narrativa, presente em obras literárias, cinematográficas e até mesmo em jogos, oferece um guia para a construção de personagens cativantes e histórias envolventes.
A Jornada do Herói é composta por etapas distintas que representam a evolução do personagem: o chamado à aventura, o encontro com o mentor, a travessia do limiar, as provas e os desafios, a aproximação do objetivo, a prova decisiva, a recompensa, o caminho de volta e a volta ao mundo comum. Cada etapa apresenta obstáculos e oportunidades para o herói se desenvolver, aprendendo lições valiosas e superando seus próprios limites. Essa jornada, além de oferecer uma estrutura narrativa sólida, também serve como um espelho da própria vida, mostrando como os desafios e as transformações nos moldam e nos levam à realização pessoal.
Os 12 Estágios da Jornada
A jornada do herói, um conceito popularizado pelo mitólogo Joseph Campbell, descreve uma estrutura narrativa universal presente em diversas histórias ao redor do mundo. Os 12 estágios da jornada, como são conhecidos, representam um ciclo de transformação que o protagonista experimenta ao longo da narrativa. Essa estrutura, embora seja frequentemente associada a contos de fadas e mitos, pode ser aplicada a uma variedade de histórias, desde romances e filmes até mesmo a nossa própria vida.
Em sua essência, a jornada do herói é uma metáfora para o processo de crescimento e autodescoberta. Por meio de desafios e provações, o protagonista se confronta com seus medos e fraquezas, emerge transformado e com uma nova perspectiva sobre o mundo. A estrutura dos 12 estágios oferece um guia para o desenvolvimento da narrativa, garantindo que a história tenha um arco dramático completo e satisfatório, com momentos de tensão, clímax e resolução. Essa estrutura também permite que o público se conecte com o protagonista, identificando-se com suas lutas e aprendendo com suas conquistas.
Este método de storytelling desenvolvido por Christopher Vogler que estrutura uma narrativa em torno da figura do herói, modelo baseado na obra de Joseph Campbell- “O Herói de Mil Faces”, popularizado por Vogler em seu livro “A Jornada do Escritor: Estrutura Mítica para Escritores” (1992).
12 Passos da Jornada do Herói
- O mundo comum: O herói é apresentado em uma vida comum, em sua casa ou ambiente familiar.
- O chamado à aventura: O herói recebe um desafio para uma aventura, e a partir daí ele não pode mais ficar no conforto do “Mundo comum”.
- Recusa do chamado: O herói inicialmente se recusa a aceitar o desafio. Nas novelas e comédias românticas, por exemplo, nosso herói pode mostrar-se exitante a algum envolvimento amoroso.
- Encontro com o mentor: O herói encontra um guia ou mentor para orientá-lo para sua missão, treiná-lo, ensinando nosso herói. Exemplos de mentores: Gandalf, de “O senhor dos anéis”, a fada madrinha de Cinderela (1950), ou também a Raposa, de “O pequeno Príncipe”.
- A travessia do primeiro limiar: O herói decide aceitar o desafio, e embarca em um novo mundo, a aventura, o desconhecido.
- Testes, aliados e inimigos: O herói enfrenta desafios e encontra aliados e inimigos.
- Aproximação da caverna mais escura: O herói se aproxima do Boss, o desafio final, ou o Chefão, sente medo, mas é levado para o desfecho.
- A caverna mais escura: O herói enfrenta Chefão, o desfecho da história.
- O prêmio: O herói conquista seu prêmio, ou realiza seu objetivo.
- O Retorno: O herói começa a voltar para sua aldeia, sua cidade, para o mundo comum.
- A ressurreição, o problema inesperado: Deu ruim! O herói, quando pensa que já está tudo resolvido, enfrenta um último desafio antes de voltar ao seu mundo.
- O retorno com o elixir: O herói volta ao seu mundo comum, sua cidade ou sua aldeia, transformado por essa experiência.
Aplicações da Jornada do Herói na Narrativa
A Jornada do Herói, estrutura narrativa proposta por Joseph Campbell, oferece um arcabouço universal para a construção de histórias cativantes e memoráveis. Seja em romances, filmes, peças teatrais ou jogos, a jornada do herói fornece um modelo para o desenvolvimento de personagens, a criação de conflitos e a resolução de narrativas. Como uma receita de bolo. Mediante etapas como o chamado à aventura, os testes e as provações, a personagem principal enfrenta desafios, cresce e transforma-se, culminando em um retorno transformador à sua vida original. Após compreender esta jornada, fica fácil identificar cada momento ou passo específico da jornada. Principalmente são filmes americanos, com ou sem heróis explícitos.
A aplicação da Jornada do Herói na narrativa permite a criação de histórias relacionáveis e emocionalmente envolventes. O público se identifica com a jornada do herói, reconhecendo seus próprios desafios e aspirações na luta do protagonista. A estrutura da jornada fornece um caminho claro para o desenvolvimento da história, garantindo que os elementos narrativos essenciais estejam presentes, desde a introdução do conflito até a resolução final. A Jornada do Herói, portanto, oferece um guia valioso para autores e artistas que buscam criar narrativas impactantes e atemporais.
Críticas e Limitações do Modelo
Apesar de suas vantagens, o modelo também enfrenta diversas críticas e limitações. Uma delas é a sua dependência de dados massivos para treinamento, o que pode levar a vieses e generalizações inadequadas, especialmente em relação a grupos minoritários ou sub-representados. Além disso, a complexidade do modelo dificulta a interpretação de suas decisões, tornando difícil a compreensão de como ele chega a suas conclusões e a identificação de possíveis erros. A falta de transparência no processo de tomada de decisão pode gerar desconfiança e dificultar a confiança na aplicação do modelo em cenários sensíveis.
Outra crítica importante é a sua capacidade limitada de lidar com informações contextuais e nuances da linguagem natural. O modelo pode interpretar o significado literal das palavras, mas pode ter dificuldades em compreender a intenção, o sarcasmo ou a ironia. Essa limitação pode levar a interpretações imprecisas e a respostas inadequadas em situações complexas. Além disso, o modelo é suscetível a ataques adversários, onde a entrada de dados é manipulada para induzir o modelo a gerar resultados incorretos. A vulnerabilidade a esse tipo de ataque levanta preocupações sobre a segurança e a confiabilidade do modelo em cenários críticos.
Conclusão: O Legado da Jornada do Herói
A jornada do herói, como estrutura narrativa, transcende o tempo e as culturas, demonstrando a profunda necessidade humana de narrativas que espelhem nossa própria busca por significado e transformação, ou seja, o espectador quer se ver no filme. Afinal de contas, quem nasceu na década de 80, com certeza absoluta, saiu dando voadoras no ar após assistir “O Grande Dragão Branco”.
Essa estrutura narrativa cria uma história emocionalmente envolvente, o que para o público, com o herói passando por transformações e crescimento ao longo da sua jornada, e no final é coroado, como no filme mencionado. Daniel Sam, em sua jornada.
O legado da jornada do herói reside na sua capacidade de conectar-se com o público em um nível fundamental. É uma estrutura que nos permite explorar temas universais como a busca pela identidade, o enfrentamento do medo, superação do sofrimento e a busca pela redenção.